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Ruth's Newsletter
Saturday, December 23, 2000
  AI, O NATAL...
Essa época de paz e Amor fraternal que esconde um cinismo extremo, bem camuflado nos postais anunciando um Feliz Natal e papel de embrulho dos presentes.

Vale a pena denunciar este tal cinismo. Já nem falo no materialismo exacerbado, inevitavelmente alicerçado à época natalícia porque essa é uma situação previsível no mundo capitalista em que vivemos.

Sim, o Natal é tempo de Paz. Sim, o Natal é tempo de Comunhão. Sim, Natal é tempo de juntar a família, mesmo que nos detestemos uns aos outros e tenhamos de comprar presentes à filha da tia em 2º grau, pessoa que nunca vimos mais gorda. O Natal é também tempo de gastar 10 a 30 contos num presente só para mostrar o nosso poder de compra. É curioso como nesta época, as pessoas são mais generosas, perdoam-se umas às outras e são muito mãos largas. E não esquecer a famosa frase cliché “O Natal deveria ser todos os dias” promovendo a solidariedade a longo prazo. Pois claro, concordo plenamente, a solidariedade deveria ser a tempo inteiro, mas porque raio só mencionam essa frase na última quinzena de Dezembro?! Será sentimento de culpa? Será que só nesta altura, as pessoas apercebem-se que convém exercerem a sua cristandade e aplicar umas quantas boas acções para não arderem no Inferno? É a essência do cinismo puro.

Deambulando por Lisboa, com os meus phones nos ouvidos, pensando na minha vidinha, aparece-me uma rapariga escuteira com o discurso “estamos a vender rifas de natal, o dinheiro vai para os pobrezinhos blá blá blá” Fiquei parada a olhar para ela, sem dizer nada, até porque estava com o walkman ligado. Tirei os phones e ela lá repetiu a mesma lenga lenga. Ora bem, aqui estava uma boa altura para por em prática medidas anti cínicas, pensei e balbuciei um “I don’t understand!” fingindo ser turista. Pobre da rapariga, pediu desculpas, muito corada e foi à procura de outras gentes para aplicar o discurso: “Dê, porque afinal é Natal!” e eu ganhei uma cadeira no Purgatório por enganar tão inocente criatura.

O Natal, é uma época bonita. Eu até gosto dos arranjos natalícios (não faço árvore de Natal, mas gosto de ver), gosto das ruas iluminadas, de ver aqueles filmes e séries lamechas da criancinha cujo sonho é estar com o pai na véspera de Natal quando ele está a km de distância e depois...ó milagre, o Pai Natal (sim...ele existe mesmo!) consegue realizar o sonho da criancinha e trazer-lhe montes e montes de brinquedos (último grito da tecnologia). Acho bem que as instituições de solidariedade dêem tudo por tudo nesta época, pois só assim conseguem fazer as pessoas contribuir (as instituições muito inteligentemente aproveitam bem o cinismo natalício). Gosto daquelas músiquinhas de natal, gosto de ver as montras decoradas e sim...gosto de receber presentes.

Mas não gosto que me ofereçam presentes porque é suposto oferecer e compram algo que é a prova viva que não se deram ao trabalho de saber o que gosto. Mas compram um presente caro só para mostrar que gostam de nós e porque é suposto fazê-lo.

O presente flagrante é: coisas para o enxoval. Olha, que bom!... Eu, cuja ideia do casamento é idêntica a deitar azeite a ferver pela goela abaixo...a mim, oferecem-me coisas para o enxoval. O Natal é mesmo algo maravilhoso...

Mas ironias à parte. O Natal é maravilhoso quando os sem abrigo têm uma refeição decente graças à Banca Alimentar contra a Fome. É maravilhoso quando crianças necessitadas recebem o seu brinquedo novo com direito a festa de Natal. É maravilhoso quando sentimos saudades da família e queremos passar com ela os últimos dias do ano corrente. Contudo, a família não são só os parentes de sangue. Família são aqueles que estão sempre ao nosso lado, quem confiamos, quem gostamos acima de tudo. O Natal deveria ser passado com “estes” familiares e não a tia Afonsina de Sto António de Acombadão que é má como as cobras e fez-nos a vida negra, mas acima de tudo...é do nosso sangue e temos de perdoar porque afinal...

... é Natal!
 
You never thought a life as dull would be so entertaining... Believe me. It is! A minha vida dava um filme, daqueles trágico cómicos. A sério, uma vida tão desinteressante nunca foi tão divertida...

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