DADOS IMPORTANTES a reter na minha presença em PAREDES DE COURA
ou (considerações de uma maçarica em festivais de Verão com a boa graça de uma acreditação foto jornalística no pescoço)
A melhor maneira de assistir a festivais de Verão é sendo acreditada – significa espaço livre, acesso ao espaço da imprensa, bebida à descrição e a ceia com a bela da patanisca, broa e sopinha, acesso a bandas na área vip (excepto as bandas de cabeça de cartaz – com muita pena minha) e, principalmente, um m2 livre para assistir aos concertos sem ser abalroado por dreads, moshers, freaks, poetas de chinelo e afins.
O rolo de 1600 não é o mais indicado para fotografar ao ar livre e, para o caso de haver pouca (ou inexistente) luz trazer um mini holofote portátil à socapa e aponta-lo para o objecto a fotografar (porra, quem me dera ter tido esta ideia antes)
As noites de Paredes de Coura são frias – muito frias –
O saco cama do Marco é quentinho – muito quentinho
Pensar no plano B quando se pede ao Marco para arranjar bilhetes para o Festival (mesmo quando o relembramos com 2 meses de antecedência com uma periodicidade semanal)
O pessoal do Curto Circuito é porreiro e, aparentemente, gosta de se dar a conhecer a desconhecidas. Eis um diálogo curioso com o Xavier, pessoa que, julgava eu, tinha sido apresentada antes, quando ajudou o Marco a trazer uns caixotes cá para casa.
Eu (apontando em sinal de reconhecimento): Olá, bem me parecia que eras tu...
Xavier cumprimenta ambas as Rutes (eu e a outra companheira de acreditação)
Eu: Desculpa lá, já não me recordo do teu nome...
Xavier (interrompendo): ... Xavier.
Eu: Pois, foste tu que ajudaste o Marco com os caixotes pela altura da mudança, não foi?
Xavier: Não.
Eu: Então, tu não foste à minha casa com o Marco na altura em que ele fez umas obras em casa e precisou de pôr os caixotes na minha casa?
(Xavier perplexo)
Eu: ... Tu não tens um descapotável?
Xavier: Não.
Eu: Então porque é que me cumprimentaste?
Xavier encolhe os ombros e sorri
O Fernando Alvim é igualmente um porreiro mas não sabia quando e onde era a entrevista com Placebo na Antena 3 e, por isso, mandamo-lo embora.
O Bruno Nogueira faz-me sempre rir.
Atenção ao Paulo Freitas do Comércio do Porto que é uma óptima companhia para o dia das mentiras
Os festivais são óptimos para conhecer gente porreira.
Os fotógrafos de Vigo são mais simpáticos que os de outro local da Espanha
Ainda há putos de 15 anos pelos quais nos podemos orgulhar de serem o nosso futuro.
Os Sum 41 escarram tudo o que se mexe (erva daninha e jornalistas incluídos). Não há igualmente pachorra para bandas punk wannabies estilo Good Charlotte e Sum41. Aviso à população, estar longe do fosso dos fotógrafos quando esta última banda toca, pois correm o risco de ser atingidos por dezenas de moshers voadores
Os Queens of the Stone Age são mais pesados do que eu pensava e o guitarra ritmos é um gigante.
A Karen O dos Yeah Yeah Yeahs é uma ‘ganda’ maluca
A PJ Harvey estava muito bonita, de branco (cuecas de branco incluídas), pouco iluminada e tocou “Rid Of Me”
O vocalista dos Calla é muito giro e o baixista denunciou-nos ao segurança como stalkers (digo eu!). Ah, e atenção à música dos Calla que promete...
Os Placebo versão festival souberam a pouco – muito pouco, especialmente quando amputaram “Teenage Angst” planeada para o final do concerto antes da cover ao vivo de “Where’s my Mind” dos Pixies, que nas mãos de Placebo, suplanta a original.
Brian Molko continua belíssimo, apesar da descrição verbal em palco, valendo o Stefan que nos presenteou com a sua voz, agradecendo a PJ Harvey e os Yeah Yeah Yeahs, ao que Molko acrescentou: “I want to thank Jesus! Praise the Lord motherfuckers!”
O JPG é o óptimo companheiro de viagem e venceu a morte ao atravessar a fronteira de Espanha. Aparentemente, o pessoal que tem cartão jovem não pode usufruir de desconto de manhã. (go figure!)
Ter lata de pedir boleia ao pessoal que vai mais cedo para a vila de Paredes quando nós estamos presas num parque de campismo em Covas (óptimo parque, mas distante e curvilíneo como o caraças). Nota mental levar reflectores descartáveis para marcar o caminho de volta para covas a partir de Paredes de Coura – nem imaginam como isso pode ser deveras importante)
Leite com chocolate é bom para levar para o campismo em quantidades industriais.
Não dar ouvidos ao pessoal que diz que o rio do Tabuão está poluído de sebo e mergulhar pelo menos uma vez fazendo usufruto da biquini line que fizemos e custou 5 euros.
Não olhar para dentro das sanitas das casas de banho portáteis do(s) festival (ais)
Nunca entrevistar bandas sobre o qual nada sabemos (mesmo que nos peçam)
O pessoal da Emi é mais fácil de encontrar nos festivais que nos escritórios
O gravador de voz é o nosso melhor amigo (ideal para fazer botlegs, entrevistas, clips etc etc)
Ajudar os outros a conseguir autógrafos e ids é gratificante
As pizzas e o Caldo Verde de Paredes de Coura são bons, apesar de terem mentido ao dizer que: “Não, as pizzas mistas não têm fiambre!”
As fotos possíveis, resultado de um dos mais frustrantes e negros dias da minha curta e recente carreira fotojornalística pode ser visto (no
sítio do costume)
Bjo
Rute