DO YOU BOOTLEG?
I’m in Bootleg Heaven!
Estou rodeada de cd singles e bootlegs de Placebo, cortesia do Filipe que, abençoado, lembrou-se de um amigo que, curiosamente é meu vizinho – ex fanático de Placebo – com montes de coisinhas boas que embalam e exaltam o ouvido.
Também graças ao Filipe (abençoado, de novo, por se dispor a dar boleia) já posso usufruir do meu home cinema que fica tão bem na sala de estar. O Leitor de Dvd foi estreado com um presente em forma de Dvd, oferecido por, adivinharam: Filipe (abençoado - três vezes!), Dvd esse que não estou autorizada a divulgar mas, garanto, não envolve pornografia apesar de, a certa altura, ser visionado um traseiro masculino, nu, sob o olhar de um médico que pergunta: “You’ve done this before, haven’t you?!”.
A sério... Não é o que parece. É melhor! Ehehehehe
Mas, há mais. Directamente dos Estados Unidos, Mr Pirateman trouxe os dois concertos de Pearl Jam em Cascais, de 1996. YES! Não deixa de ser irónico que concertos gravados no belo do Portugal, tenham vindo dos States. Contudo, neste momento, os ditos têm morada certa no interior da minha aparelhagem.
Ao que parece, o tal home system com uma porrada de colunas, não aceita região 1 e não têm, exactamente o efeito desejado para uma audição apoteótica da ópera Carmina Burana, no entanto é uma experiência única em visionamento de filmes (Até agora, os vizinhos não se queixaram).
Graças ao meu Dvd Dealer(AKA Marco) pude entrar no paraíso dos Extras com o muito amado “Almost Famous” (já mencionei que AMO o Cameron Crowe?) e Magnolia (estranho ver o PTA na sua natureza gesticulante, quando estava inerte, que nem doidivanas em colete de forças, na conferência de imprensa).
Apresentem as vossas listas de dvds juicy.
E pronto, eis a vida excitante de uma desempregada com mais uma colaboração não remunerada no cv (e, quem sabe, outras surpresas) Visitem o meu ponto de vista sobre as estreias da semana em
http://cinefilos.tv
Isto de fazer um site, mesmo já feito, é deveras trabalhoso, irra! Aparentemente o Tripspotting terá de ficar dividido em dois, a não ser que alguém me esclareça onde se arranja um site pre construido onde se possa ter galerias de fotos e documentos em texto que tenha a possibilidade de ser privado ou acesso sob password.
That’s all
Giant edition coming up!
Bjo
Rute
We’re not Groupies. We’re ‘BAND AIDS’
Porque estou em modo nostálgico – alguns têm febre dos fenos, eu tenho febre nostálgica – e também impulsionada pelo visionamento de “Almost Famous” – essa ode cinematográfica à comunidade abatida pelo flagelo de “on the road”, ou em português
Estradite, ou melhor ainda, o termo técnico: “
Band Aids”, eis um dos episódios marcantes para a minha entrada no maravilhoso mundo das “Band Aids”.
Inserir aqui “Release me” dos Pearl Jam (óptima banda sonora para ‘
emotional tripping’), apesar de, neste momento, estar a ouvir “Young Hearts Run Free” da Gloria Gaynor (What?! É Primavera!...Calem-se!)
O meu primeiro concerto foi em 1991.Tinha 14 anos. Achei que era demasiado tarde para começar as lides ‘concerteiras’. A Guida, amiga de infância, companheira de centenas de boas tardes de cinema e memoráveis concertos, igualmente responsável por belos domingos de conversa via varanda, já havia começado as suas lides, talvez dois anos antes. Crescer na companhia da Guida foi a melhor experiência que uma filha única pode ter pois desde cedo embrenhamos no mundo do Cinema e Música com uma seriedade que, mais tarde, marcaria as nossas vidas de maneiras diferentes, mas sempre em companhia uma da outra.
Eu sempre fui a
expert de Cinema e a Guida de Música. Foi ela que me apresentou aos Faith no More, Guns n’ Roses, Extreme, Red Hot Chilli Peppers, Pearl Jam, Nirvana, Soundgarden e Soul Asylum. Foi ela que viu, na altura os imberbes, “Placebo” numa tenda de circo do festival Reading em 1995. Também me apresentou à ala metaleira que proliferava na época: Metallica, Pantera, Megadeath, Skid Row, Nine Inch Nails, L7 mas essas bandas não deixaram marca na minha consciência musical. Blitz, as revistas “Guitar World” e “Hard Rock” eram a sua Bíblia, Henrique Amaro, o seu pastor. Mais tarde, chegaria a alinhar como guitarra ritmos na banda rockeira
all girls Mary Jane, arrecadando boas recordações de estrada, enquanto duraram. O que sei sobre Música da ala rock foi influência da Guida.
Pela minha parte, levei o Cinema a sério. Premiere, Empire, Movie line, Entertainment Weekly eram a minha Bíblia, Vasco Brilhante, o meu pastor. Aos 21, influenciada pelo "Já não digo nada" do Jorge Mourinha, começo a escrever artigos sobre filmes, tornando-me a Jornalista de Cinema mais explorada do planeta Terra (ainda hoje!)
Seria então inevitável que vivêssemos, juntas, o meu primeiro concerto. Nesse tempos, o Dramático de Cascais e o Estádio de Alvalade eram os locais de romaria rock. Este último serviu de estreia para o meu primeiro concerto relâmpago, marcado em 13 de Dezembro de 1991, com o instantâneo sucesso de Bryan “Walking Up the Neighbours” Adams. Arranjar bilhete foi quase missão impossível, convencer a minha mãe a meter-me no meio de 50 mil pessoas num estádio de futebol, foi mais complicado. Por esta altura a minha mãe chegava à conclusão que era mais fácil a Montanha ir a Maomé que, vice versa. Porque o Bryan cantava o seu sucesso favorito “Everything I do (I do it for you)” e, no espírito da dita canção, prontificou-se a ir, afirmado “
vai ser divertido!”. As mães são muito más nessa coisa de escamotear a verdadeira razão: proteger as “crias”. Digamos que não era a ideia do nosso grupo (4 raparigas) levar uma cota atrás mas, antes assim, com direito a boleia, que ficar em casa a roer-me de inveja pelos 49 999mil que iam. No nosso carro só faltou mesmo “Bohemian Rhapsody” dos Queen...
Estávamos no alto da bancada, junto à Ala vip onde avistamos o Paulo Sousa na altura jogador do Sporting. A minha mãe ficou sossegadinha na sua cadeira, eu diverti-me como nunca, cantei, berrei, assobiei, pedi mais em uníssono com 50 mil pessoas, testemunhando a tamanha energia do público português. A expectativa, a espera, os degraus que se sobem para aceder à plateia e poder absorver a energia do público era inesquecível e um vício que apenas aumentou ao longo dos anos.
Depois desse concerto iria a mais três, também em Alvalade, antes de ter a minha primeira experiência “Band Aid” no Verão de 1994, na Praça de Toiros de Cascais. O concerto estreia dos Aerosmith em Portugal, na
Get a Grip Tour, trouxe os Extreme, de Nuno Bettencourt, como banda suporte e tudo parecia perfeito. Isto foi meses depois de eu e a Maggie nos multiplicamos em esforços para conseguir assistir ao concerto de Soul Asylum em Barcelona, tendo para isso gravado 5 versões de “Runaway Train” para a RFM. Mas, isso é outra história, continuemos com os Aerosmith.
Era um Domingo de eleições e chegamos cedo para conseguir um bom local no recinto. Porque o nosso grupo era grande, alguns de nós pudemos escapar da fila e espreitar a entrada para o
Backstage, na esperança de ver as bandas chegarem. Ouviam-se rumores que os Aerosmith iam chegar de limusine (algo inédito em Portugal) e um par de gabarolas, à espera nas grades de entrada, garantia que ia entrar no
backstage assim que eles chegassem. Os Aerosmith não chegaram de limusine mas de autocarro da (então) Rodoviária Nacional, sendo muito bem recebidos por uns quantos bravos que os esperavam. Eu ajoelhei-me em vénia “
we’re not worth it” ao estilo Wayne’s World e o momento foi captado pela máquina fotográfica de Tom Hamilton (baixista).
Antes dos Aerosmith chegaram os Extreme, num autocarro bem mais chique de vidros espelhados o que, para nós, foi uma desilusão pois não se via o interior e o guitarrista da banda era um filho da terra (ou melhor das ilhas dos Açores). Icei orgulhosamente da bandeira portuguesa, empréstimo do Machado (bandeira igualmente omnipresente na estreia nos Metallica em terras lusas) mas a minha presença passou bem mais despercebida. Pelo menos foi isso que pensei, tal ideia não poderia estar mais distante da verdade. Eheheh
Estávamos nós a fazer alarido com a chegada de Aerosmith encostados às grades, eu de bandeira em punho berrando “Sing Young Lust!" quando sinto um toque no meu ombro vindo de um gajo que, em inglês, pedia se era possível dispensar a bandeira.
“Why do you want the flag?” pergunto, a pensar que o ‘estranja’ era algum fanático.
“I need it!” insistiu
“Because?! Because?!” bradou a Guida já pronta a proteger o valioso objecto patriótico
“The flag is not mine, I can’t give it to you?!” respondi. O gajo continuava a insistir e ofereceu dinheiro para compra-la. Eu comecei a achar aquilo muito estranho e pergunto porque raio ele queria a bandeira:
“Nuno wants it to put on the amplifier…”
A partir deste momento eu e a Guida entramos em estado comatoso mas ainda pude balbuciar em tom de pergunta retórica:
“You mean Nuno BETTENCOURT! Wants MY flag on his amplifier?!…
“Yes.”concluíu
Ainda em estado comatoso, estendo a mão para entregar a bandeira, jurando ouvir cânticos, quando a Guida, acordando do estado de estupefacção, impede a transação e em pleno ímpeto
“Its all happening!” irrompe
“Find us passes and we’ll give you the flag!”
Ainda pasma com tal sangue frio ‘oportuneiro’, emiti um firme:
“Yeah!” (porque raio haviamos de dar a bandeira sem o brinde, hein?)
O
rodie lá percebeu que não havia outra maneira e cedeu-nos o pedido. Desapareceu por entre a porta do
backstage em busca dos passes, enquanto nós agíamos tal Beavis e Butthead repetido estupida e sucessivamente “This is SOOOOOOOOOOO cool!! uhh uhhh...”
O
rodie regressou com 2 passes, disse que tínhamos de substituí-los lá dentro por
support stickers, significando que apenas teríamos acesso aos limites da equipa técnica.
“Fine!” anuímos em uníssono
De passes no pescoço, parecíamos detentoras do santo graal, mostrando o passe a todos aqueles que estavam no nosso caminho (incluíndo os ‘bacanos’ gabarolas) tal bastão de Moisés na divisão do Mar Vermelho!
A partir do momento que entrámos pela stage door, assistindo ao lufa lufa da equipa técnica, eu entrei em transe e não disse palavra, assistindo ao desespero da Guida a tentar comunicar em inglês macarrónico com o rodie. O Nuno Bettencourt foi ter connosco, estava magnífico, de cabelo solto ao vento e blusa de ganga aberta.
Comentário da Guida para o
rodie:
“He’s kidda short, isn’t he?”
Comentário de moi même:
“___” (do coma completo, assistia ao esforço da Guida ao tentar fazer-se perceber em inglês) Às tantas ela pergunta se pode falar português visto ele ser português, ao que o Nuno responde:
“Sim, claro!”
Aqui, acordo do coma. Mas, em vez de participar na conversa, falava com o
rodie animadamente como se ele fosse o próprio Jesus Cristo. Ainda tive coragem de perguntar como ele sabia que tinha a bandeira. Mencionou que se tinha esquecido da bandeira dele no hotel e quando me viu içar a minha pediu ao rodie para “
Get that girl and ask her for the flag”.
Vamos recapitular, shall we?
O Nuno BETTENCOURT viu-me A MIM! com a bandeira e pediu a um
rodie para ME BUSCAR juntamente com a bandeira!!!!!! - Meus amigos, melhor que isto só mesmo ter Brian Molko na banheira comigo, mas visto que nessa altura o jovem Molko ainda nem sequer fazia parte dos Placebo, ter o belíssimo Nuno Bettencourt a requisitar a minha presença era o melhor que me havia acontecido.
Voltei a entrar em transe e nessa altura a Guida pediu para tirar uma foto, algo que nem me passou pela cabeça até porque me ofereci para a tirar e não ficar NA foto. A Guida dá-me uma sapa para me acordar da “estupidificação” e diz “NÃO RUTE! TU ficas na foto. O Nuno disse que depois do concerto poderíamos ir ao
backstage para reaver a bandeira.
Jackpot!
Regressamos às bancadas, eu ainda em estado de transe e a Guida em estado
energizer bunny. De salientar o facto que os nossos companheiros de concerto eram alguns ilustres, o Chico e Edu dos Hell Angels (agora Wonderland) e o Vasco dos Braindead.
Voltar ao Backstage não foi tarefa fácil pois os seguranças portugueses, na altura, tinham a fama de ter massa muscular a mais e massa intectual a menos, não nos deixaram entrar apesar do sticker oficial da tour. Não só isso como gozaram connosco por dizermos que tinha sido o próprio Nuno a convidar-nos para o backstage para reaver uma bandeira. Fomos salvas pelo Super Rodie a quem jurei “have your children” por ser tão porreiro. Ele próprio teve dificuldades em convencer os seguranças e foi preciso alguém da editora vir para esclarecer que aqueles stickers davam direito a entrar no backstage (antes e depois) dos Extreme.
Uma vez lá dentro, o rodie convidou-nos a “help yourselves with caldo verde and pastéis de bacalhau” lol Vislumbrá-mos o Nuno na companhia da tias dos Açores que o tratavam como uma criança de 2 anos argumentando que ele estava “muito magrinho” mas “muito lindo” ! Também deu para vislumbrar um par de groupies pé de sandália (versão feminina de “pé de chinelo”). Ele veio ter connosco, agradeceu pela bandeira, assinou-a e foi nessa altura que vimos o Camaraman Metálico que registou o momento fotograficamente. Meses mais tarde, na Festa do Avante, encontrei-o, disse-lhe “Olá!” mas o gajo ignorou-me completamente.
Nota Mental: Não dirigir palavras aos nossos ídolos para não chegar a casa com vontade cavar um buraco de modo a escapulir-mos para lugar incerto.
O espectáculo dos Aerosmith estava a começar e lembro-me de ver o baterista a entrar para o palco, agitando as baguetes no ar. Nós ficamos por lá,à espera de conhecer o resto dos Extreme mas o rodie disse que eles deveriam estar no palco a assistir ao concerto. Algo que nós decidimos igualmente fazer e para tal optamos por sair do backstage e entrar pela grade lateral, ficando literalmente na primeira fila para assistir aos Aerosmith. Nessa altura, eu a Guida - de 1.55 de altura, começamos a ficar deveras apertadas e só segundos depois, quando vejo uma mão à minha frente, me apercebo que é o Steven Tyler a cumprimentar o público. O concerto seria memorável, assim como a reacção do público e pelo menos duas alminhas naquele concerto estavam nas nuvens e garantiam a pés juntos que aquela era a melhor sensação do Mundo.
Este seria o primeiro episódio de muitos outros que iriam a acontecer. Anos mais tarde, eu cruzava olhares com o Eddie Vedder, seguia a tour dos Silence 4 numa experiência “band aid” inesquecível e conhecia pessoalmente os Soul Asylum - Sete anos após jurar que, um dia, iria vê-los na sua hometown. No dia 24 de Março de 2001, dia do casamento da Ana, isso aconteceu e para tal tive de prescindir do casamento para poder assistir ao primeiro de dois concertos de Soul Asylum em Minneapolis.
Quando liguei à Ana a dizer que não podia ir ao seu casamento pois ia ver um concerto nos Estados Unidos, ela garantiu que não perdoava e perguntou: “Que banda?”. Quando disse que era uma banda que sempre quis ver, ela respondeu prontamente “
São os Soul Asylum!” E acrescentou que me perdoava pois sabia o quanto eu queria vê-los.
Digam lá que não vale a pena esperar para concretizar os nossos sonhos?! É claro que é igualmente esse espiríto que me leva a estar 5 anos sem receber salário
- Contrato de trabalho, que é isso?!?!?
Enfim...
Bjo
Rute
THE TRAVEL EDITION
Reapareço da bruma do nevoeiro londrino, para o esplendoroso e solarengo dia da Mulher para contar as peripécias da viagem, estilo captain’s log.
Isto é grande, por isso, e para vossa comodidade, também vai em versão print.
Aproveito para agradecer à Maggie que proporcionou a falsificação do meu cartão de estudante internacional que deu uns descontos ‘maneiros’. Garanto que não usarei os meu métodos de falsificação contra o mal, mas, a verdade é que consegui o tal cartão com o talão de exames da Maggie. Apenas bastou colocar uma tirinha de papel com o meu nome com a mesma font e size, tirar uma fotocópia e voilá.
Achei piada ao facto da sra esclarecer que não poderia usar a mesma foto do
cartão antigo porque havia problemas com falsificações. AH! Ironias do destino. É claro que o facto da Maggie estar a tirar a licenciatura num curso e
escola que já foram minhas, ajuda. Mas pronto. Pessoas pobres é assim, têm
de se desdobrar em estratégias e franjas de arraiolos para conseguir uma
vida mais em conta...
A sério, quando a polícia vier buscar-me eu não denuncio a Maggie como cúmplice!
Agradecimento também ao sr busy Marco que até chegou a considerar a possibilidade de petsitting matinal, mas...para rejubilo dele, tristeza do Billy tal não foi necessário. A minha mãe teve de se desdobrar em 3, cuidar dos seus, dos meus, medicamentos para a Jessica que tem a bexiga a falhar e mais os cães do terreno do Sr.Vilão Mauzão que agora lembrou-se de ter uma CABRA!(em debilitado estado, claro está, que acabou por ser mordida por um dos cães presos antes de ser retirada pela minha mãe)
Prémio Nobel de S. Francisco de Assis sofre!
Aproveito igualmente para vos pedir um favor. Está em curso a planificação de um possível site que albergará todas as memórias de viagem que remotam desde 1997 e passam por Escócia, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, França e o belo Portugal, mas mais facilmente o homem colonizará a Lua do que eu manter e construir um site. De qualquer dos modos, agradeço aqueles a quem enviei postais a partir destes destinos os digitalizem (ou entreguem para digitalização) para figurarem nesse mesmo site que, em principio se chamará “Tripspotting”. Exceptuam-se o postal da Lady Liberty da Joana, cartas e postal do Greg que já tenho. Todos os outros, meninos e meninas, puxem pelas vossas cabeças, procurem nos baús, nos caixotes do lixo e procurem esses postalzinhos. Durante o período de estadia durante 4 meses, na Escócia apenas me interessam os postais – se é que mandei. As cópias das cartas estão na minha posse. (Eu guardo tudo!)
That’s all folks
As mensagens de feliz dia da Mulher, agradecem-se
Bjo
Rute
Este documento é parte integrante da Ruth’s Newsletter e não deverá ser copiado, duplicado, traficado e separado a publicação mãe. É da inteira responsabilidade da sua assinante, mas, se os serviços policiais perguntarem: “Não fui eu!”
Enjoy
LONDON CALLING
Captain’s Log:
Day #1
ARRIVAL
Estou bem. Inteira, sem nenhum pé de chinelo por perto (por enquanto).
Está um frio que não se pode mas eu estou preparada tal como um esquimó.
Quem me fez o check in foi um rapaz muito simpático (really cute) a quem me apeteceu perguntar se já tinha ouvido falar da "Sex Freak" mas quando o dito rapaz me pediu 10 libras de depósito, a fantasia que me envolvia, com ele, no armário dos cobertores, desfez-se completamente. Tenho sérias duvidas que alguma vez tivesse hipóteses, depois de ter perguntado se o "ground floor" era "up there?" (Traumas de hostels passados)
Por isso, obrigado Deus por me dar a oportunidade de estar num hostel de jeito, apesar dos meus companheiros de quarto serem uns labregos que, volta e meia, libertam gases, para alem de dormirem de boxers com a pelagem toda de fora(ugh)
Hoje não tive tempo de ir ao Portobello market - fica para amanha mas já dei um pulinho ao Tate Modern e, fiquei maravilhada. Não com o edifício que é feio as hell mas a singela exposição do quinto andar. Joana, lembrei-me de ti - Havias de gostar de lá estar.
Thats all for now, tomorrow Oscar night, monday placebo night, tuesday...who knows....
Day #2
SMALL WORLD, (Blame it on the hobbits)
O Mundo é MESMO pequeno. Estar nas ruas de Londres é o equivalente a apanhar o autocarro na esquina da R. Augusta com a R. da Madalena, que alberga a mesma quantidade de portugueses, brasileiros e ucranianos. Percorrendo as ruas, as atracções, monumentos, jardins, só se ouve falar português e só tropeço em portugueses. Calculem que até me cruzei na rua com uma colega jornalista que – surpresa – estava hospedada no meu hostel e também vinha a Londres a propósito de um concerto. Não de Placebo, acrescente-se, mas quais são as chances de nos encontrarmos com uma jornalista que conhecemos, em Londres, hospedadas no mesmo sítio, com o mesmo propósito?!
Este foi o dia mais “caminhante”. Portobello Market de manhã, com um tempo farrusco. Hyde Park e arredores verdejantes de tarde. Gostava de saber porque raio o mercado que vimos no filme “Notting Hill” como uma azafama de vendedores com inúmeras mercadorias porreiras a preço da uva mijona, parece sempre como algo pateticamente pobre e deserto, quando lá vou??! Is it just me?! Perco sempre os mesmos 60 minutos a ir e vir do Mercado da Portobello Road, que é suposto ser o mais interessante e saio de lá com a ideia que fui ‘enganada’. Apetece gritar “Quero o meu dinheiro de volta”, mas aquilo é de livre acesso.
O mesmo não se pode dizer do Wellignton Arch que, no panfleto parecia deveras excitante, com a possibilidade de subir até às estátuas e observar o distante esplendor do Big Ben (o relógio que está por todo o lado – assim como os guindastes, sempre omnipresentes!), mas o acesso ao topo está vedado e o andar de observação é algo “mixuruco” onde nem sequer se vislumbra, como deve ser, o Big Ben pois existem arvores a tapar – algo que não se via nas fotos do panfleto pois eles subiram até ao nível das estátuas. Senti-me desfraldada.
Não desfraldada mas completamente perdida, foi a sensação de estar no Science Museum. Aquilo não tem um fio lógico e com tanta criancinha e tanta conversa científica, não sabemos para que lado nos virarmos. Acabei por ‘estacionar’ na zona da Fotografia e Cinema.
A madrugada foi bastante animada com a Cerimónia dos Óscares que era transmitida com uma imagem bastante má. Vá –se lá perceber porque os assinantes de cabo, não apanham nas melhores condições o mero e singelo canal BBC. Felizmente a emissão britânica não tinham comentários em voz off mas tinha a apresentação e debate de 4 pessoas deveras estranhas que pareciam saídas de uma sitcom britânica, um deles extremamente parecido com o Adrien Brody. Aliás, o dito senhor contou o episódio em que foi abordado na rua por uma pessoa que confessou Adora-lo em “O Pianista”. No início éramos uns quantos bravos em frente ao televisor, à medida que as horas foram passado e o Senhor dos Anéis foi chupando tudo! apenas restaram 4 sobreviventes que, na derradeira meia hora, esbugalhavam os olhos em agonia ao ouvir pela 9ª vez a frase: “Senhor dos Anéis”. ARGH. Melhor argumento Adaptado?!?!?! Melhor Canção?!?!? Pelo Amor dos Santos! Gritos de histeria foram lançados ao ouvir os nomes de Sofia Coppola e Sean Penn como os vencedores. Assim sim. Não esquecer a merecida vitória de Charlize, momentos antes da aplicação do spray oral de Adrien Brody.
Day #3
OCUPATION: Band Aid!
A ocupação de “Band Aid” devia de ser profissionalizada. A sério! Com cursos, aulas, estágios e carteiras profissionais. Devia até de ser um emprego ocupacional, assim estilo part time. Poderíamos escolher as bandas que quiséssemos, e fazer umas temporadas de tournée com umas, e outras temporadas com outras. Não teríamos um salário, mas sim as despesas pagas – estadia, refeições, transporte tal como os membros da banda pois as Band Aid estão ali para proporcionar inspiração, companhia e apoio aos membros da banda. Esqueçam as groupies, esqueçam o sexo – isso seriam actividades extracurriculares que seriam da responsabilidade da executante. Imaginem ser tratada como um membro da crew, com todas as comodidades, não ter de esperar ao frio para entrar, ver o concerto de um sítio decente, ir às after show parties, ter acesso ao backstage sem limitações. Isso sim, é que seria um emprego porreiro como consequência positivas para o avançar da humanidade...
Imaginem, eu poderia escolher acompanhar a tour dos Pearl Jam, nos Estados Unidos, a Jewel pela Austrália, os Placebo na Europa, os Soul Asylum quando lhes dá na vineta dar concertos e, porque não– tudo num ano. Imaginem os resultados traduzidos em fotografias, artigos, entrevistas, photobooks, memorobilia, inspiração para canções and soi on and soi on.
Ah...sonhar é bom. Seria bem melhor que regelar o cu à porta da Brixton Academy à espera de saber como raio se entra para conseguir a acreditação fotográfica, esperar horas com a mala pesadíssima às costas, com matulões a meterem-se a tua frente sem dizerem “Excuse me” e estarem constantemente a invadir o teu espaço, empurrando-te até à saída de palco, onde se encontra a casa de banho. ARGH.

Não há nada como a nossa santa terra para ouvir concertos ao vivo! O público é melhor, está mais quentinho, sabemos como encontrar os nossos press connections e conhecemos os cantos à casa. Não voltar a escolher datas de concertos quando já passou 1 ano após o inicio da tour, pois a banda está mais zombie que outra coisa e nem se dá ao trabalho de comunicar com os desgraçados que estão, ao rubro, a assistir ao concerto.
Penso que houve uma altura em que o Brian Molko olhou para mim enquanto estava a tirar fotos e fez aquela expressão “You again, Jesus, fucking stalker!”, mas pode ter sido impressão minha....o frio glaciar faz partidas com o teu cérebro.
Regressada ao hostel, esperava-me alguns ilustres companheiros de camarata e um rapazinho, deveras simpático, que atenciosamente perguntou se o barulho da música incomodava os residentes do ‘infamous’ quarto 93. “That is so nice of you!?! repliquei. We actually do hear the noise but you were the first person polite enough to ask…” Estive mesmo para lhe dar um abraço, mas o meu sticker da acreditação fotográfica dos Placebo ofuscou-lhe a vista e o resto da estadia olhou para mim como uma deusa do rock! Ah! Nada mau quando demoramos 90minutos a tentar chegar a casa vinda – regelada - da Brixton Academy. A minha companhia no metro era bastante diversificada, gostei particularmente da rapariga ao meu lado de saia pela altura do pescoço, com meia de ligas e soutien de tal modo justo que parecia querer expelir a mama da sua copa. Tudo bem, que o metro até é quentinho, mas esta jovem donzela teve de enfrentar temperatura de –3 no exterior sem um casaquito à vista.
O sacrifício que se faz pelas bandas...
Antes de me ir deitar, ainda fui para a recepção ver o meu mail e ‘bater papo’ com o administrador do hostel, um iraquiano a modos que ‘radical’ com qual tive uma quase acessa discussão sobre a situação no Médio Oriente. Não há como contrapôr a opinião de alguém que acha que “Saddam fez bem em matar aqueles curdos...depois do que eles nos fizeram a nós”. A pensar assim, muito em breve ficaremos como mais um planeta onde já houve vida antes dos sacanas se matarem todos.
Depois da conversa amainar, lá divulguei os meus planos de visita a um cemitério em Kensal Green. Todos olharam para mim, como se fosse uma necrófila. Não sei se, confessar que adorava visitar cemitérios anglo saxónicos e ter visitado 6, ajudou a apoiar o meu ponto de vista que era “perfeitamente normal visitar cemitérios”...
Day #4
Não aguento as pernas!
O muco do meu nariz é preto!
Está mesmo muito frio!
Os bengaleiros dos museus são grátis. Viva!
Não existe fruta em Londres.
Paguei 1libra por 1 maçã!!!!!!
Legumes, cadé?!
Comida vegetariana é uma pechincha
Os hambúrgueres vegetarianos da Linda MaCarthney são ‘muita’ bons!
Os cães da Grã Bretanha são snobs!
Day #5
LOST IN LONDON
Será possível haver uma só ocasião em que não ande estupidamente perdida a tentar encontrar um local por onde passei 3 vezes sem reparar?!?!? ARGH Sir John’s Museum mais parecia O País das Maravilhas e isso fez de mim uma Alice sem norte e sem rumo. Sensação equivalente no British Museum. Não seria mais inteligente pôr as múmias e parafernália egípcia toda numa só ala?! E onde arranjaram eles tanta múmia?!
Mais uma vez, enganei-me na casa de Banho na British Library. Enquanto estou a lavar as mãos, vejo um senhor e sou capaz de jurar que é o homem que está errado e não eu porque não vislumbrei nenhum urinol quando entrei, mas, depois de uma discreta olhadela à esquerda vejo a fila de urinois e sibilo um : “I think I’m in the wrong toilet...”
Odeio tripés! Devia de haver um modelo, estilo “Sport Billy” que se desdobrasse e montasse num carregar de botão. Os japoneses, que inventam tanta coisa idiota, (Tamagotshi...hello?!?!?) bem que podiam dedicar umas horas do seu tempo a construir tamanha maravilha. Primeiro que me despache a resgatar o dito tripé no meio de tanta tralha ao pescoço e montar aquela bodega, já passaram 10 minutos e volta e meia, vem um senhor dizer...”tem autorização para isso?!” ARGH. Houve mesmo um que, no exterior da National Gallery teimou: “You can’t use that in here” Estava na rua!!
Londres à noite é muito bonita, nessas alturas, o tripé, realmente, tem a sua utilidade...
Day #6
PROFILER de um pé de chinelo
Confesso que a minha estadia neste particular hostel não foi das melhores experiências pois o quarto 93 (de 12 camaratas!) devia de ser conhecido como “A Casa da Mãe Joana” e pessoas entravam e saíam a horas estranhas, as luzes estavam quase sempre apagadas, 2 filhos da mãe ressonavam, era um cheiro que não se podia e eram quase todos Labregos. Para completar o quadro, o quarto era por cima da common room de onde saía música a altos berros que se ouvia até à uma da manhã (Hey!Clap Clap) e ainda, os já considerados residentes no hostel estavam a ser constantemente postos no tal quarto 93. E, lucky me, um desses residentes veio a revelar-se um...(tá claro!)...pé de chinelo que, apesar de bastante camuflado e contido, lá se revelou no último dia na minha estadia.
Eis o seu profile, comparando dois espécimen que, embora possam ser adequados ao epíteto de “pé de chinelo”, apenas, um deteve essa classificação.
Vejam o exemplo do Bosniano, Venic (penso que era esse o seu nome). Este jovem, que vive na Suécia deste a fuga do seu País Natal devido à Guerra, é divertido, conversador e tinha sempre uma piada ou histórias interessantes para contar. Gostei particularmente do momento em que estávamos no corredor à porta do quarto, sentadinhos no chão e um casal bastante dread, entra pelo corredor e pergunta se o duche está vazio. – Não estava.
Diz o nosso conhecedor Venic, “They were looking for the shower to Jiggy Jiggy!” Deixo para vocês, a decifração dessa expressão...
Continuamos a conversa, tendo como banda sonora o bater o couro do tal americano dread, com a gaja de país desconhecido, igualmente dread, com dúvidas se deveria jiggy jiggy com o tal americano que bem parecia um filosofo dread paz e amor, mas de onde saíram, mais tarde, frases como – “Yeah baby, lift that thing little dude”...
E mais tarde, foi mesmo quando, o mesmo casal, invadiu o corredor de novo, dirigindo-se para o outro duche, bem mais minúsculo, adjacente a WC, deixando a mim e ao Venic, sem pio a olhar um para o outro com a expressão “Hein?!”
“Maybe we should give them privacy!” disse eu.
“Maybe they should give US privacy!” replicou o Venic
Lá ficamos, esperando que eles seriam discretos e silenciosos (RIGHT!)
A gaja não parecia muito convencida dos aposentos, mas o dread americano lá se desdobrou em justificações.
“Look, this is a cool shower with open doors, see? And a cool nice toilet seat!”. A rapariga parecia convencida mas segundos depois ouvimos do ‘smooth american’ um pujante “Holy shit! Fuck! What the Hell”. Irrompeu dali para fora, deixando a gaja lá plantada no assento da sanita.
Durante minutos eu e o Venic congeminamos razões para abrupta fuga. Teria a gaja o período?! Seria hermafrodita?! Porque, o smooth american voltou, concluímos que a razão mais provável seria a busca de um preservativo. E lá ficaram eles, dentro do duche, mas, ao contrário do que pensávamos, não eram nada silenciosos e ouviu-se tudo.
Chegavam pessoas ao corredor para ir à outra casa de banho, quando um dos empregados do Hostel chega e pergunta
“Is there someone here?”
“There one person there, two people here!”- Indagamos.
“Jiggy Jiggy!” finalizou o Venic
Já no quarto, quando eu estava a fazer a mala, o Venic perguntou se tinha namorado em casa. Disse que não, ao que ele respondeu:
“Hey you can have a boyfriend right here!”
Este podia ser um momento pé de chinelo, mas não foi porque o Venic era um porreiraço que se despediu de mim com um abraço e um “all the best for you!” Ah, e ofereceu um pózinho cor de laranja que, ou eram vitaminas, ou cocaína cor de laranja, mas era bom misturado com água!
Vejamos agora o exemplo do Abu, indiano de origem (os indianos adoram-me!). Muito simpático, muito prestável. Muito contente de me ver sorrir para ele. Devia de ter desconfiado que isso ia dar problema, mas durante a estadia não deu até ao momento que, quis despedir-se e tomou o meu beijo na cara como outra coisa que fingi não perceber quando ele disse “Do you want to take a walk outside!”
Este SIM – Pé de chinelo que não teve hipótese pois pus-me a andar o mais rápido possível para o quarto anunciando – I’m going to sleep!”
PÉ DE CHINELO ALERT!!!!!!
PÉ DE CHINELO ALERT!!!!!!
PÉ DE CHINELO ALERT!!!!!!
(nojo, nojo)
Outro ocupante do quarto 93, outro smooth american, cara chapadea do Chad Smith dos Red Hot Chilli Peppers, batia o couro a todas as estrangeiras que mal falavam inglês com pick up lines como: “Let’s talk about philosophy”, “Have you ever tried Viagra?!” Very smooth...
DAY #7
THE LAST MILE
Não sei bem como, mas consegui levantar-me cedo, fazer check out e, com uma mala de 11 kl + 5, subir 311 degraus do Monument, elevar-me uma porrada de metros no London Eye, escapulir-me para a exposição fotográfica “Earth from the Air” do Natural History Museum e estar no aeroporto às 14.30.
Ainda houve tempo para discutir com o homem do raio x que teimava em meter rolos de 1600 na máquina. Lá me fez a vontade, mas não sem, antes me dar um sermão sobre como as máquinas de Heathrow estão preparadas para receber rolos até sensibilidade 3200 sem dano.
Lisboa estava com tempo tão sombrio quanto aquele que deixei em Londres mas
There’s no place like home! Lá dizia a Dorothy e com razão.
THE END
p.s - Fotos
aqui