NENHUM CASAMENTO E UM FUNERAL
Coincidência ou não, é um pouco surreal que a morte do meu avô tenha acontecido um dia depois da estreia do filme “Elizabethtown” de Cameron Crowe. No filme, a personagem de Orlando Bloom, interpretava as emoções de Crowe lidando com a morte do seu pai ao viajar até aquela pequena cidade no Kentucky para tratar do funeral.
Neste filme da vida real, a minha viagem à terra natal da minha mãe em Ferreira do Zêzere, não envolveu remorso, descargas emocionais ou engenhosas tentativas de suicídio, não se revelou uma epifania. Envolveu uma viagem de carro de 2 horas ao som de Loreena McKennit enquanto tricotava a manga de um casaco (haverá visão mais romântica?...), o encontro com familiares com os rancores do costume e o vislumbre de um corpo sem vida.
Considerando que este foi o meu primeiro funeral, correu bem, tendo em conta que a morte do meu avô era inevitável uma vez que estava velho e doente e ele não me era próximo. Toda a vida, o meu avô foi um cabrão para a minha avó e embora esse facto não se manifestasse relevante durante a minha infância, revelou-se crucial quando comecei a perceber que a sua visão machista, retrógrada e abusiva não tinha lugar nos ensinamentos da vida que queria seguir.
Nunca tinha visto uma pessoa morta de perto e confesso que fiquei chocada, para não disser “mortificada” ao descobrir o que deve ser um ritual popular que consiste em abrir o caixão antes de o enterrar para que as pessoas se aproximem e beijem a testa do morto. Honestamente, nunca ouvi falar deste ritual, também não sou especialista em funerais e não ensinam nada disto nos episódios de “Sete Palmos Abaixo da Terra”.
Basicamente segui todo o protocolo, as orações, o cortejo a pé atrás do carro funerário, mas nem que a vaca tossisse, iria beijar a testa de uma pessoa morta. Pensei que fosse um ritual exclusivo para cônjuges e filhos e aguardei, hirta que nem um pau a 5 metros de distância, mas quando a minha prima (talvez 8 anos mais velha que eu) se aproximou e beijou-o, perdi a minha tábua de salvação. Ainda considerei aproximar-me, tendo em conta que seria a única familiar a manter a distância mas cheguei rapidamente à conclusão que apenas sairia daquele meio metro quadrado quando fechassem o caixão e o enterrassem. Concluí que os presentes não saberiam quem eu era pois segui do trabalho directa para a igreja mas, aparentemente, eu tenho o rosto carimbado com a frase “filha da Emília” (a minha mãe) e o meu plano foi-se...
Fiquei a saber que o meu avô comprou um espaço no cemitério, querendo dizer que todos os familiares podem ser enterrados naquele mesmo espaço. Os meu bisavô foi enterrado ali 20 anos antes, eles recolheram os ossos, colocaram num saco e voltaram a enterra-los com o caixão do meu avô. Ainda mais estranho é, após 20 anos, serem visíveis no solo parte do caixão roupas e calçado.
Faz a ideia da cremação parecer bem melhor... Talvez faça companhia às cinzas do Marco que confessou desejar ser cremado e ter as suas cinzas espalhadas pelas terras altas da Escócia. Bem, ao menos poderia fazer-lhe uma visita guiada uma vez que já lá estive. Há que manter a actividade lúdica após a morte, não?
A parte do funeral foi o básico: “Como estás?”, “Já tens namorado?”, “Porque não visitas mais vezes?” blá blá blá. Houve um consenso ao votarem-me a pessoa mais “garrida” no funeral por OUSAR levar uma camisola cor de tijolo e um poncho às riscas. Se soubesse que o bege era mais adequado para um funeral, não tinha deixado o casaco no carro e apanhado aquele briol...
HAPPY HALLOWEEN!

Graças à Joana e a equipa do
Clarice had a little lamb, este ano, houve festa rija no Halloween. Decoração assombrosa, disfarces aterradores, projecções de susto (sinceramente o mais assustador era o gajo louro com pinta de beatles à anos 70...) e um 'extraordinaire'pianista/("slash"- perceberam? lol) mistério.
Casa cheia!
As coisas quase descarrilaram para o caos quando dezenas de pessoas juntaram-se à festa, minutos após o anúncio: "o bar fechou!" Incrível como 3 palavrinhas copnseguem evacuar um edifício. Felizmente, a festa decorria na movimentada zona de Santos e os monstrinhos e serial killers, puderam sair dos seus covis, caixões e casa de banho serial killer (nem perguntem...) para buscar cerveja e voltar.

Até hoje lamento não ter comprado um rolo de 800 asa para fotografar todo o ambiente e decoração. Valeu o tripé anão da Joana e o rolo de 400 asa. Podem ver as fotos
aquiRecomendo que escolham a opção slideshow e não se esqueçam da palavra mágica: guest
A noite foi marcada pela frase lapidar de um polícia quando me apanhou a entrar mal numa curva.
"Você não vê o que está a fazer?!!!"Repliquei que estava a corrigir a manobra quando uma fila de carros bloqueou-me o caminho pela direita MAS, desculpem lá, quem vem de um parque de estacionamento perde a prioridade, CERTO?
Por essa altura já estava despojada da máscara da Catchick! sem as antenas de morcego - "O meu inimigo fidagal!" (ninguém percebeu a piada) - o que se revelou importante uma vez que estava a ripostar com um polícia ladeado por uma dúzia deles ao lado da carrinha policial.
Ok, talvez os carros viessem daquela ruela lateral MAS, que conste na acta, sou de opinião que vinham do parque de estacionamento

Outro diálogo com o seu je n'est sais quoi de surreal foi partilhado com o irmão do Marco.
Catchick!(com máscara):Tu és o Ricardo Oliveira, não és?
Ricardo à motoqueiro tuga: Sim...
Catchick!(tirando a máscara): É a Rute!
Ricardo à motoqueiro tuga:AH! Eras tu que estavas sempre a olhar para mim?
Catchick!(sem máscara): Claro, para confirmar! Achas que estava a galar-te?!(continuando)Convidei o teu irmão, mas ele ficou a ver tv.
Ricardo à motoqueiro tuga): Sabes, o meu irmão está a ficar cota...
Sábias palavras...
Aguardam-se novas festas temáticas
Até lá
Rute