RAPARIGA NA LOJA DE ROUPA

Eu escrevi isto há uns anos atrás como presente de aniversário para a minha amiga Joana. Tendo em conta que foi escrito como parte de um guião e eu tenho quatro amigos cineastas, aqui está uma ideia gira para uma curta metragem. Voilá (depois ligam para o meu agente AHAHAHA).
Uma rapariga entra na loja de roupa, atraída pelos saldos. Escolhe uma dezena de possíveis combinações, entre
tops, calças, vestidos, casacos e calças de ganga amontoados no seu braço direito, ainda agarrados aos respectivos cabides. Dirige-se para o vestiário no andar de cima. Distraída com o pensamento:
“será que este número me serve”, choca contra a pessoa que vem no sentido contrário. Reagindo ao forte embate, a rapariga solta um gemido. O estranho envolve-a nos braços para evitar que ela caia para trás devido ao embate.
RAPARIGA
(pensando)
Idiota desastrado! Ainda por cima a agarrar-me contra ele, humft.
RAPARIGA
(Gaguejando em claro sotaque americano, ainda agarrada a ela)
Damn it, so sorry, didn’t see you...
Evitando contacto visual, a rapariga finge procurar as roupas que caíram no chão
RAPARIGA
(pensando) Estúpido Americano!
ESTRANHO
(desfazendo-se em desculpas)
Are you alright? So sorry.
RAPARIGA
(olha em sua direcção, pronta para fazer um comentário sarcástico,
mas quando o vê, sorri com brilho nos olhos.
À sua frente está o actor por quem ela tem um fraquinho)
INSERT – Música do anúncio Axe chicka waw waw
Seems we’re caught up in a Notting hill moment.
ESTRANHO
(perplexo)
Excuse me?
RAPARIGA
A common girl, bumps into the famous movie star
(NÃO TÃO) ESTRANHO
(largando-a para colocar as mãos nos bolsos, sorri desconfortável)
Right...
RAPARIGA
You don’t suppose I can persuade to come over to my house for coffee,
while I make a complete ass of myself and get a sympathy kiss?...
(NÃO TÃO) ESTRANHO
(sorrindo em modo insinuante)
Sorry, I don’t do sympathy kisses…
RAPARIGA
(divagando)
I live too far away, anyway and I would have to stick you in a most uncomfortable car, facing horrifying traffic and the not so glamorous life of the suburbs.
(apanhando as roupas do chão)
Stay away from crazy girl with lots of clothes hanging out of her arm, or enjoying the glorious portuguese sun in quiet solitude. Quite the conundrum…
(NÃO TÃO) ESTRANHO
(encantado)
Conundrum? Such a big word for a common girl.
RAPARIGA
I read!..
Ambos sorriem
(NÃO TÃO) ESTRANHO
How about you browse the store with me and help me buy my underwear?
Have no clue what to buy. My girlfriend used to do that…
RAPARIGA
(sorrindo nervosa)
Used to?...
(NÃO TÃO) ESTRANHO
Past tense.
RAPARIGA
Right! (olhando para a zona pélvica) What’s your size?
(NÃO TÃO) ESTRANHO
Have absolutely no idea.
RAPARIGA
(insinuante)
Judging by your pack, I’d say Medium large.
There’s only one way to be sure. I’ll check the size tag of what you are wearing now.
(NÃO TÃO) ESTRANHO
Not wearing any, hence the need of buying
RAPARIGA
(perdida nos seus enebriantes olhos)
Alright then, new tactic.
(procura nervosamente, um par de roupa interior, sem perceber que retira do cabide um conjunto de soutien e cuecas arrendadas a cor de rosa)
Try these!
(NÃO TÃO) ESTRANHO
Not sure, pink is my colour...
(aproximando-se dela)
Why don’t you try it on and I’ll come over
and decide if you should get that sympathy kiss…
TO BE CONTINUED…
Exames Médicos
Deitada na maca, a fazer a ecografia mamária, o médico perguntou:
- A sua menstruação está para breve?
-Sim - respondo, a pensar se isso seria algum faux pas médico. Porquê, nota-se?
-Sim, os peitos estão tumescidos.
Fiz um esforço sobre humano para não sorrir maliciosamente. É uma palavra perfeitamente aceitável, mas estou habituada a usá-la em contextos literários de nenhum modo médicos. Seria constrangedor fazê-lo estando um estranho a apalpar-me os seios. Sendo um charmoso estranho, com um diploma médico, poderia classificar aquela frase como um namoriscar, mas nada disso. O senhor era um profissional da apalpação médica.
Porém, quando a pergunta seguinte questionava a periodicidade com que auto examinava os seios, e o seu desapontamento exclamativo ao saber que não o fazia todos os meses, surgiu-me uma ideia para um filme.
E se duas pessoas se apaixonassem num gabinete médico? Um jovem médico sente-se atraído pela encantadora paciente à qual faz um exame médico. No meio do constrangimento e da resposta fisiológica que surge quando nos apaixonamos, consigo imaginar umas peripécias bem engraçadas. Um pouco como acontece no casal de
stand in nus no filme Love Actually.
Não é de génio?!